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A BELEZA DOS JOELHOS DOBRADOS

Revista Ultimato - Maio-Junho, 2011


Deus criou o ser humano ereto, mas ele precisa aprender a se curvar, sobretudo, diante do Criador e diante de seu semelhante. Ele não tem facilidade para fazer isso. Em vez disso, ele é naturalmente resistente a qualquer curvatura. Uma das acusações feitas por Deus a Israel era a de que “os tendões de seu pescoço vieram de ferro, a sua testa era de bronze” (Is 48.4; Êx.32.9). Essa criatura incurável não se dobra, não se ajoelha, não coloca o rosto no mesmo lugar onde estão os seus pés. Ela é dura, teimosa, orgulhosa e obstinada.

O ser humano precisa descobrir a beleza dos joelhos. Eles substituem os pés na prática da oração. Quando dobrados, os joelhos diminuem a altura do que ora e aumenta a altura daquele a quem se ora. É uma reverência aceita por Deus que pode facilitar a oração e a comunhão com ele, desde que o espírito também esteja dobrado.

Pessoas extremamente necessitadas aproximavam-se de Jesus e punham-se de joelhos diante dele para suplicar a graça desejada. É o caso do leproso que pediu ao Senhor: “Se quiseres, podes purificar-me” (Mc 1.40); do pai do garoto epilético que suplicou: “Senhor, tem misericórdia do meu filho [pois] ele tem ataques e está sofrendo muito” (Mt 17.14-15); e também do jovem rico que se ajoelhou em plena rua e perguntou: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Mc 10.17).

Precisamos voltar aos joelhos. Para orar, vários personagens da Bíblia punham-se de joelho. Na dedicação do templo de Jerusalém, “Salomão ficou em pé na plataforma e depois ajoelhou-se diante de toda a assembleia de Israel, levantou as mãos para o céu e orou” (2 Cr 6.13). O escriba Esdras nos conta que “na hora do sacrifício da tarde, eu saí do meu abatimento, com a túnica e o manto rasgados, e caí de joelhos com as mãos estendidas para o Senhor, o meu Deus, e orei”

(Ed 9.5).

No caso do profeta Daniel, lê-se que a mão de alguém o colocou sobre as suas próprias mãos e joelhos, indicando uma curvatura maior (Dn 10.10). Pouco antes de morrer apedrejado, Estevão caiu de joelhos e bradou: “Senhor não os considere culpados deste pecado” (At 7.60).

Em Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso e, depois de os entregar a Deus, “ajoelhou-se com todos e orou” (At 20.36). Cena ainda mais bela aconteceu pouco depois, na cidade de Tiro, a caminho de Jerusalém. Os cristãos da cidade, suas esposas e filhos acompanharam Paulo até a praia e todos se ajoelharam para orar, antes de o apóstolo embarcar no navio (At. 21.5). Na Epístola escrita aos efésios, o mesmo Paulo revela: “por essa razão, ajoelhei-me diante do pai” e orou para que “ele os fortaleça com poder, por meio do seu Espirito” (Ef 3.14-16).

Passagem curiosa é quando Elias “subiu o alto do Carmelo, dobrou-se até o chão e pôs o rosto entre os joelhos”. Com a cabeça, o peito e o ventre totalmente dobrados em cima dos joelhos, o profeta pediu chuva e ela veio (1Rs 18.42;Tg 5.18).

Na agonia do Getsêmani, Jesus “se afastou [dos discípulos] a uma pequena distância [de mais ou menos trinta metros], ajoelhou-se e começo a orar” (Lc 22.41). Na versãode Mateus, o Senhor “prostrou-se com o rosto em terra e orou” (Mt 26.39).

No que diz respeito à arte da oração e da adoração, os joelhos estão ociosos. Eles foram feitos também para se dobrarem diante do Todo-poderoso. Daí o convite: “Venham! Adoremos prostrados e ajoelhados diante do Senhor, o nosso Criador” (Sl 95.6). Precisamos aprender a fazer isso para que, na plenitude da salvação, “ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp 2.10-11).

Coração de Mãe

Colaboração Luciana Ramires.

Outro dia, andando pela calçada de uma rua movimentada, assisti a uma cena, no mínimo inusitada.

Gosto de observar as pessoas em suas atividades cotidianas enquanto caminho e naquela tarde era isso que eu fazia.

Andando devagar avistei uma mulher, moradora de rua, sentada no chão com uma menina bem pequena ao seu lado. Resolvi parar e um pouco escondida continuei olhando.

A linda menina rasgou um saco de lixo e encontrou, entre outras coisas, uma pequena xícara de plástico, cor de rosa, dessas que nossas crianças têm de várias cores.

A menina mostrou para a mãe que sorriu.

Encorajada pelo sorriso, rapidamente a menina fingiu que estava fazendo um “café”, despejou-o na xícara, mexeu com seu dedinho para misturar o “açúcar” e o deu a sua mãe.

Uma mulher suja de roupas, abandonada pela sociedade, talvez sem estudo, provavelmente ignorante do fato de que existe psicologia infantil, mas que era mãe.

Ela pegou a pequena xícara, “cheirou” o café e com uma expressão de que estava cheiroso o bebeu. Simulou ter se queimado com o café, tentou toma-lo novamente, dessa vez soprando pra “esfria-lo”.

Brincou com a sua filha como se estivesse no conforto de seu lar, entrou no mundo dela.

A menina? Dava gargalhadas deliciosas enquanto via sua mãe brincar, pesar de chorar por dentro, por fora eu também sorri e agradeci a Deus por ainda existirem no mundo mães como aquela, capazes de fazer qualquer bobagem para entrarem no mundo de seus filhos, só pelo prazer de vê-los e ouvi-los dando grandes e gostosas gargalhadas.

E você, já tomou um café imaginário com seu filho hoje?

O SENHOR É O MEU PASTOR - SALMO 23


Autor: Pr. Neilson Xavier de Brito.
Extraido do boletim de 28/11/2004

     
Robert Ketchan em “O Salmo 23 – Nada me faltará” narra a história contada por um amigo sueco, John Linn, quando por ocasião de um culto de oração, uma menina pediu para recitar seu texto bíblico predileto e disse: O Senhor é o meu pastor, isso é tudo quanto quero” e sentou-se.

      Às vezes não damos o valor devido àquilo que estamos acostumados. O Salmo 23 encerra uma grande verdade: O Senhor é o meu pastor. Há muito medo no mundo de hoje. O medo de doenças, sofrimento, abandono, solidão, madrugadas esperando alguém, guerras, seqüestros, assaltos, torturas, terrorismo, catástrofes. O medo revela o dilema humano entre o medo e a esperança, desamparo e busca de conforto. O medo esvazia a alegria de viver, toma-lhe a liberdade, escurece o futuro, mas as palavras do Salmo 23 revelam o cuidado daquele que é o nosso pastor, o mesmo hospedeiro que está conosco e nos convida para habitar com ele. Encontramos no Senhor o lugar de nossa segurança.

      Van Gilder afirma: “Se as pastagens verdejantes das quais temos nos alimentado, fossem queimadas subitamente pelo calor ressecante das adversidades; ou se a árvore em cuja sombra temos nos abrigado como se fosse um oásis no deserto, fosse rachada de alto a baixo pela faísca de um relâmpago; e aquilo que esperávamos ser o nosso abrigo para os anos vindouros, ficasse repentinamente destruído à nossa volta, mesmo assim teríamos um pastor que sabe onde existem outras pastagens verdejantes e outras águas tranqüilas”.

      Os Salmos, canções para instrumentos de corda, revelam o suspiro da alma e a certeza de que Deus mesmo habitando em sua glória, está conosco e nos ouve.